3/09/2009

Correio Sentimental


da Peregrina
Rute

"És mesmo tolo, tolinho como todos os Pedros e és incapaz de perceber o que qualquer Inês sente à primeira: Enquanto tu a procuras, já ela Inês te encontrou, Pedro palerma.
Sim! Ela sabe de tudo, e sabe de tudo desde o princípio, desde o primeiro cartaz, desde o primeiro post, desde o teu primeiro suspiro.

Sim! Sim! Ela encontrou-te e adorou tudo... Claro! como não? Se tu sabes das manhas... Qual a mulher que não se renderia com toda a encenação amorosa com que a tens enlevado...? Ah... Mas que Mulher, Mulher! e não uma dessas meninas de saia rodada, mas que Mulher largaria tudo atrás de ti? E atrás do quê? Da tua última grande ideia, do teu último capricho, da tua última conquista?

Escreveste "que sei eu sobre ti?". De facto, que sabes tu dela? Alguma vez, minha grande besta, alguma vez, Pedro, consideraste a hipótese de que estaria mesmo a linda Inês posta em sossego até que a vieste sobressaltar tu, com os teus poemas e destinos messiânicos? Alguma vez pensaste na hipótese da Inês não querer ser encontrada? Na hipótese de não precisar dum Pedro atrás dela? De ter um Pedro já seu?

Que sabes tu de concreto, sobre o concreto das coisas, dos sonhos e das desfeitas, dos choros e dos risos, das voltas e das vidas de Inês. Sim, que sabes tu? Com que direito te arrogas tu de querer virar a vida da Inês do avesso porque te deu na telha e te descobres «perdidamente apaixonado»?

Febril, buscando a maior de todas as metas, como podes tu, Pedro, no delírio do teu amoque, senti-la, a Ela, à Inês que tanto clamas amar? Já te deixaste emaranhar na fábula que tão bem tens tecido...?! Pára. Pára e sente. Fecha os olhos e sente. Sente a Inês, sente a Inês que procuras e que te encontrou. Porque essa Inês que tanto buscas em poemas e painéis de adoração, a ti também muito te quer amar."

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