"Finalmente, não posso deixar de lhe informar que apresentamos queixa-crime por causa do vídeo divulgado no seu blogue. Como Director do Teatro Maria Matos não posso deixar que os meus colegas do teatro sejam ameaçados, inclusive com uma referência à utilização de armas. É ilegal neste país ameaçar pessoas com o uso de armas."
Ao fim de uma semana recebi uma explicação formal e por escrito do Teatro Municipal Maria Matos. Não deixa de ser irónico que as únicas "armas" exibidas no vídeo sejam as fotografadas na aurora libertadora que foi o 25 de Abril.
Que pretende Mark Deputter com uma queixa-crime?
O meu dinheiro como indemnização?
O meu emprego como funcionário da Câmara Municipal de Lisboa?
A privação da minha liberdade?
Dar o seu contributo pessoal para a vitória do Pedro Santana Lopes?
Quer esgrimir argumentos em Tribunal?
Em troca de correspondência com Tiago Rodrigues, um dos criadores de "Pedro procura Inês" que dizem em nada se relacionar com este "Pedro procura Inês", tive o cuidado de acrescentar em post scriptum o seguinte:
"para que não haja mal entendidos, vou continuar a amplamente publicitar a peça "Pedro procura Inês" no blog "Pedro procura Inês".
A ideia não era ser eu a fazer publicidade a vocês?
Agora faço o quê? Chamo a TVI?
4 comentários:
Exmo. Senhor Rui Faustino
Agradeço o envio do seu e-mail sobre a utilização da frase “Pedro procura Inês” no contexto do Projecto Estúdios.
Em primeiro lugar, queria expressar a minha surpresa. Até agora, já obteve respostas por parte de Tiago Rodrigues, o autor do Projecto Estúdios, Catarina Medina, a responsável do nosso Gabinete de Comunicação e Andreia Cunha, a Gestora do Teatro Maria Matos. Por três vezes, foi-lhe explicado a origem da utilização da frase e garantido que o conteúdo da peça não tem nada a ver nem com a frase, nem com o seu blogue, nem com o seu projecto artístico com o mesmo nome. Como se vê claramente em todo o material de divulgação do Projecto Estúdios, foram fotografados três graffitis, tendo sido utilizado o texto dos grafittis como título das três peças, criadas no contexto do Projecto Estúdios. Como já deve ser do seu conhecimento, as três peças são criadas pelos participantes do Projecto Estúdios, num ritmo de uma por semana.
A peça “Sempre”, que foi apresentada na semana passada, em nada teve a ver com o tema ‘sempre’. A peça “Pedro procura Inês” não tem ligação com o seu projecto. Nem a última das três peças terá algo a ver com Bobby Sands ou Margaret Thatcher, apesar do graffiti que foi escolhido como título: “Bobby Sands vai morrer Tatcher assassina”.
Honestamente, acho a sua reacção incompreensível. Em primeiro lugar, pela linguagem utilizada e pelas ameaças. Sempre foi tratado de forma correcta nesta situação e não havia necessidade para este tipo de reacções. Em segundo lugar, por motivos artísticos. Fiquei a saber que “Pedro procura Inês” é um verso seu e o título de um projecto artístico da sua autoria. Mas ao espalhar a frase “Pedro procura Inês” nas paredes da cidade em forma de graffiti, certamente procurou criar uma certa ‘confusão’ entre o real e o imaginário, entre a vida e a arte. É uma ideia interessante, que mistura a alta cultura (a poesia) e a cultura popular (os graffitis). O facto do fotógrafo do Projecto Estúdios ter tirado uma foto do graffiti “Pedro procura Inês” prova que julgou que este tinha o mesmo estatuto que os outros graffitis fotografados. Aliás, foram fotografados dezenas de graffitis, dos quais três foram seleccionados pelos participantes do projecto. Do ponto de vista artístico, devia ser um triunfo, ver que o seu projecto artístico e a realidade realmente se confundiram.
Do ponto de vista legal, já lhe foi dada a resposta de que o Serviço Jurídico da EGEAC, Empresa Municipal que gere os Teatros Municipais, está a estudar o caso. Acredito piamente nos direitos autorais dos artistas, mas não me parece que estamos a lidar com um caso de propriedade intelectual. Os graffitis são, pela sua natureza, do domínio público. Seja como for, esta é a minha apreciação pessoal. Se achar que tem algum direito, peço-lhe que nos faça chegar as suas revindicações por escrito.
Finalmente, não posso deixar de lhe informar que apresentamos queixa-crime por causa do vídeo divulgado no seu blogue. Como Director do Teatro Maria Matos não posso deixar que os meus colegas do teatro sejam ameaçados, inclusive com uma referência à utilização de armas. É ilegal neste país ameaçar pessoas com o uso de armas.
Os meus comprimentos
Mark Deputter
Caro senhor:
A sua é a primeira informação formal e por escrito que recebo do Teatro Maria Matos.
O anúncio da sua queixa-crime é no mínimo lamentável: você responde com processos penais a um vídeo de protesto contra a situação que conscientemente os senhores criaram.
Incrível!
Exmo Senhor
Lamentável é o seu vídeo. Depois de ter recebido uma ameaça à integridade física dos trabalhadores do Teatro Maria Matos, não tive outro remédio, de ponto de vista institucional. Só fiz o meu dever.
Mark Deputter
Sr. Mark Deputter:
Lamentável é os trabalhadores do Maria Matos FINGIREM que se sentem ameaçados com imagens do 25 de Abril. Mais do que lamentável!
Lamentável é responderem-me com queixas-crime a um vídeo de protesto: está bem explícito no blog o carácter literário, logo ficcional, do mesmo e dos seus conteúdos.
Não sei onde pretende chegar com tudo isto... Acha que tudo isto favorece o seu curriculum, o da sua equipa e no do seu equipamento?
A sua gestora - Andreia Cunha -. aquela que afirma nunca ter tido conhecimento de nada, de nenhum Pedro à procura de Inês, tinha esta postada no seu próprio blog. publicada a 11 de Março de 2009!
Ela deu-se ao trabalho de lhe explicar isso? De lhe explicar que me conhece desde os tempos da faculdade? Que gozou o pagode com o "Pedro procura Inês" na manif popular em que ela e mais 30.000 pessoas viram o cartaz gigante que levei e que, afinal... passados 3 meses "gere" a peça "Pedro procura Inês"?
Disse-lhe o Tiago de como o informara de que iria continuar a fazer ampla publicidade à peça "Pedro procura Inês"? Tenho a troca de e-mails em arquivo!
Creio bem ser da natureza humana que, quando há bronca, os subordinados sempre tentam ocultar as suas responsabilidades às chefias que têm...
à minha pobre arte respondem vocês com ameaças processuais. A única coisa que lhe pedi a si e aos seus foi que se comprometessem a não criar no futuro confusões destas. É assim pedir tanto?
Apelei, publicamente ao seu sentido de Justiça como Director Artístico do Maria Matos. Você tenta dar-me a provar a justiça do CARRASCO.
Pensei que se predispusesse a tomar um café comigo de modo a conversarmos, sobre a situação criada, olhos nos olhos, de Director Artístico do Teatro Maria Matos para pobre diabo a fazer-se passar por poeta... Enfim! Você é suficientemente adulto e maduro para compreender que, acima de argumentos jurídicos, se encontra a Moral.
Amanhã, pretendo assistir à sua peça de Teatro. Vou com a minha namorada. Olhe, já viu? Afinal não ando à procura da Inês! É tudo TEATRO! Ahhhh! Surpresa.
Espero não ser molestado.
Um adeus inesiano,
Rui Faustino
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