8/26/2009

Estrada Nacional 103


A Estrada Nacional 103 exige uma condução atenta e cansativa, mas proporciona um cenário de viagem absolutamente deslumbrante: fomos de Leste para o Poente, seguindo o carro solar de Hélio desde Miranda do Douro até ao Gerês, atravessando os concelhos mais setentrionais de Trás-os-Montes.

Estrada sinuosa, curvas em U mais contra-curvas, com declives acentuados num sobe e desce constante durante horas rodadas quase sempre em 3ª e só mais raramente na 4ª mudança de rotações.

A EN 103 cruza serra e mais serra, com montes e montanhas a perder de vista quando o viçoso verde que ladeia a estrada o permite. E só a partir de Bragança, vamos avistando já, aqui e acolá, a cordilheira do Gerês. E é então que a vista fica suspensa, não tanto pelas encostas que circulamos em rota de sucessivas espirais, mas pela meta distante que mal se anuncia ainda no limite do horizonte...

O percurso rodado é bastante solitário, pois quase ninguém passa por estas paragens: são quilómetros de isolamento. De quando em vez cruzamos lugares, mas são pouco mais de meia-dúzia de casas semeadas ao longo da estrada na qual vimos, ainda, um típico "pão-de-forma" bege estacionado numa berma junto a um rio, onde se banhariam os hippies com matrícula alemã. Para o clichê ser completo, tomámos em Vinhais um refrescante panachê.

Já mais para o fim do trajecto, após nova paragem, agora em Boticas, o verde cinza-castanho predominante das serras dá lugar, após curva mais apertada, ao azul baço da albufeira do Alto do Rabagão: um pequeno mar interior cercado por montanhas. Que surpresa! Mas é escasso o alvoroço, porque silenciosamente anoitece.

Sem comentários: