3/31/2010

Marionetas do Horóscopo 15

Por essa altura, os meus estudos tinham avançado o suficiente para justificar a aquisição dum programa de software que calculasse e cartografasse os astros num dado momento, desenhando Mapas Astrais: maravilhas da tecnologia: já não precisava de compreender os mecanismos dos movimentos celestes! Avancei na compra, mesmo subtraindo duas semanas à minha sobrevivência planeada, mas valeria a pena. Uma vez instalado o programa para poder ver a minha cósmica impressão digital no momento do meu nascimento, era-me solicitada a hora do mesmo - a hora precisa - e apurada ao minuto se possível! Ora eu nascera em Lisboa a 2 de Setembro de 1974 pelo fim da tarde… pelo fim da tarde, mas quando? Quando exactamente? Que tempo marcavam os ponteiros do relógio?


Esse era o Instante. Ao sair do ventre da minha mãe, quando inspirei a primeira golfada de ar fresco, fui crismado – antes que o Estado ou o padre me pudessem baptizar – pela luz das estrelas. Foi nesse momento mágico que recebi e encarnei em mim a energia cósmica organizada de uma determinada maneira, porque os planetas estavam alinhados específica e irrepetivelmente nos céus, resultando daí que cada um de nós - somado ao todo universal - é único na sua singularidade.


Exaltava ao soletrar as linhas que os astros escreviam nos Céus, mas tinha um problema por solucionar: saber a que horas nascera. Fumei outra ganza! O momento exacto do nascimento concederia a chave, a clave do tom primordial da música celeste que tocaria ao longo da minha vida. E a ansiedade dominou-me: teria ainda salvação?

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