Havia dois e um deles - o outro! - fui eu, largado como um cão sem pédigri, no princípio das férias grandes que já acenavam. Cancelar estava fora de cogitação, pois nem que levasse a minha mãe para o México! Não ia perder o sinal: Reservas feitas, bilhetes comprados e uma dívida às costas…
Era duro… muito duro, mesmo! Ainda por cima com a minha mãe… Nem sequer as minhas férias, a Inês soube respeitar! Foi uma cabra até ao fim, mas apesar de todo o fel... continuava a amá-la! Não era fácil desligar a ficha: consagrara-me a ela de corpo e alma durante anos para que nada, nenhum conforto, nenhum mimo lhe faltasse. O que aquela mulher me custou! Os olhos da cara e quase o do cu. E qual foi a paga que recebi, que troco me deu? Uma relação deitada ao caixote do lixo porque na cabeça dela – senão na minha cama - fôramos três!
Quem teria sido? Quem fora? Liguei a todas as esposas conhecidas mas não registei nenhuma crise conjugal, aproveitando de permeio para chorar… pela morte da Inês. Somando pormenores à história, ia progressivamente tornando o nosso acidente num macabro festival de chapa e sangue: “o que ela agonizou encarcerada naquele carro”…
Era a vingança possível por ter fugido… Mas com quem? Com quem? Teria sido com o carteiro, com o cabeleireiro, ou com o caixeiro-viajante..? Poderia teria sido com um qualquer, não era? Torturava-me como se flagelam todos os cornos: corroendo-me em despeito e auto-comiseração… E que outra opção me restava?
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