4/22/2010

Marionetas do Horóscopo 24

autobiografia astrológica


Os dados estatísticos daquele trimestre confirmavam os piores receios económicos: houve uma crise energética com o brutal aumento dos preços do petróleo. Já não tinha carro, mas também não aforrara tanto quanto convinha e as possibilidades previstas de sobrevivência turvaram-se mais quando os meus pais fecharam a torneira da sopinha: amargava-lhes a preguiça e a excentricidade minhas. Também eles se divorciaram de mim - "não me chames mais de mãe"! E acabaram as entregas de fruta. Iria passar fome?


Nunca os censurei, todavia, pois escapava-lhes o essencial: as medidas do governo para combater o desemprego eram uma gargalhada e eu era um dos menos aptos para sobreviver na selva contemporânea. Tinham-me amansado os instintos: possuía uma licenciatura e duas pós-graduações, mas de mãos era um inútil. E não sabia fazer nada. A escola não me ensinara nada de prático ou verdadeiramente útil. E eu também não quisera aprender assim tanto. Mais valia, por conseguinte, deixar andar ou então…

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