Nocturno de António Carneiro
Trata-se duma exposição que mostra algumas das melhores peças do acervo do MNAC-MC: na exposição encontram-se obras que vão do naturalismo de José Malhoa, passando pelo modernismo de José de Almada Negreiros, ao surrealismo de Mário Cesariny. Com efeito, os grandes vultos da pintura portuguesa moderna e contemporânea estão presentes numa óptica de “best of”.
O valor das peças esmaga-nos, ainda que a exposição esteja organizada do “fim para o princípio” e a presença de obras da contemporaneidade mais recente não seja o ponto forte do acervo do Museu do Chiado – por paradoxal que se apresente… A título de exemplo, o Movimento Homeostético é referenciado num painel informativo, mas não se apresentou, em exposição, qualquer obra dos principais artistas do grupo e é apenas da década de 1970 para trás que a exposição ganha peso.
Numa manhã de domingo solarengo, não mais do que uma dúzia de visitantes fruía a exposição, a loja do Museu encontrava-se encerrada e os poucos vigilantes atestavam um certo ar de abandono: não foi produzido catálogo para a exposição, a presença da escultura na mostra é residual – para não dizer “decorativa” – e nenhuma técnica expositiva foi verdadeiramente explorada: os quadros estão simplesmente pendurados nas paredes, sem que código ou comunicação se estabeleça entre eles. De resto, a geração modernista ficou “entalada” entre duas salas e “Nocturno” de António Carneiro ficou exposto a um canto sem iluminação que o favorecesse.
Ao revelar-se exposição segundo uma ordenação cronológica, colocam-se de imediato dois problemas: a inexistência de visitas comentadas organizadas pelo Museu, dado que, se alguma exposição o mereceria, seria esta pelo seu carácter de verdadeira história da pintura moderna e contemporânea portuguesa; mas também porque a disposição cronológica das peças remete-nos para o cotejo e comparação com a produção plástica coeva exterior. Essa será, sem dúvida, a maior lacuna da exposição retrospectiva (e do acervo) do MNAC-MC: a ausência de peças de autores estrangeiros que melhor permitissem situar a arte moderna e contemporânea portuguesa e em flagrante contradição com a “Missão” institucionalmente definida.[1]
[1] http://www.museudochiado-ipmuseus.pt/pt/o-museu
Aos domingos de manhã,
a entrada nos Museus nacionais é gratuíta
[Relatório Escolar...]
Actividade: Exposição “Um percurso dois sentidos”
Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado
Directora: Helena Barranha
Local: MNAC- Museu do Chiado / Data: Abril de 2010
Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado
Directora: Helena Barranha
Local: MNAC- Museu do Chiado / Data: Abril de 2010
Trata-se duma exposição que mostra algumas das melhores peças do acervo do MNAC-MC: na exposição encontram-se obras que vão do naturalismo de José Malhoa, passando pelo modernismo de José de Almada Negreiros, ao surrealismo de Mário Cesariny. Com efeito, os grandes vultos da pintura portuguesa moderna e contemporânea estão presentes numa óptica de “best of”.
O valor das peças esmaga-nos, ainda que a exposição esteja organizada do “fim para o princípio” e a presença de obras da contemporaneidade mais recente não seja o ponto forte do acervo do Museu do Chiado – por paradoxal que se apresente… A título de exemplo, o Movimento Homeostético é referenciado num painel informativo, mas não se apresentou, em exposição, qualquer obra dos principais artistas do grupo e é apenas da década de 1970 para trás que a exposição ganha peso.
Numa manhã de domingo solarengo, não mais do que uma dúzia de visitantes fruía a exposição, a loja do Museu encontrava-se encerrada e os poucos vigilantes atestavam um certo ar de abandono: não foi produzido catálogo para a exposição, a presença da escultura na mostra é residual – para não dizer “decorativa” – e nenhuma técnica expositiva foi verdadeiramente explorada: os quadros estão simplesmente pendurados nas paredes, sem que código ou comunicação se estabeleça entre eles. De resto, a geração modernista ficou “entalada” entre duas salas e “Nocturno” de António Carneiro ficou exposto a um canto sem iluminação que o favorecesse.
Ao revelar-se exposição segundo uma ordenação cronológica, colocam-se de imediato dois problemas: a inexistência de visitas comentadas organizadas pelo Museu, dado que, se alguma exposição o mereceria, seria esta pelo seu carácter de verdadeira história da pintura moderna e contemporânea portuguesa; mas também porque a disposição cronológica das peças remete-nos para o cotejo e comparação com a produção plástica coeva exterior. Essa será, sem dúvida, a maior lacuna da exposição retrospectiva (e do acervo) do MNAC-MC: a ausência de peças de autores estrangeiros que melhor permitissem situar a arte moderna e contemporânea portuguesa e em flagrante contradição com a “Missão” institucionalmente definida.[1]
[1] http://www.museudochiado-ipmuseus.pt/pt/o-museu
Sem comentários:
Enviar um comentário