5/25/2010

Epitáfio

Sei que fui belíssimo.

Nas minhas fraquezas existi.

Fui um grego veríssimo,

Um fresco de Boticelli,

Um suspiro de Camões,

Uma vontade em ser.

Concentrei numa todas as paixões,

Mordi a maçã e caí no abismo,

Solavei a terra como sismo.

Revirei, revolvi, tudo aos trambolhões!

Sobretudo fui, tentei ser,

Ousei sonhar alto sem desfalecer,

Sem perder a fé ou o ânimo,

Sem medos ou remorsos a roer.


Sei que fui belíssimo,

Fui um Ícaro nas asas dum amor,

Todo ele delírio e dor.

Fui um grego veríssimo

Nas fraquezas e nas forças.

Fui!

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