11/15/2009

Recordações de um dia de férias


Nunca lhe cheguei a perguntar o nome, mas as letras brancas pintadas sobre o toldo verde não enganavam: "Taberna Vilela". O Verde era, a propósito, o forte da casa, servido nas tradicionais malgas que acompanhavam os jarros generosamente cheios como o vinho: tinto e encorpado.

Vilela, homem seco e de meia idade, cabelo grisalho e nariz aquilino, de olhar ausente, mas ouvido atento, assava cá fora com os frangos, espetadas e outros petiscos na brasa. Durante as festas em honra de São Braz, as tascas e tabernas de Terras do Bouro cresciam para os curtos passeios, com estendais improvisados de cadeiras e mesas de plástico. A concorrência era forte, não faltavam tascas, tasquinhas e roulotes pela vila, mas Vilela, remexido, patrão, de olhares severos e ásperas ordens, a todos se adiantava na caça aos fregueses salivando pelo cheiro que se espalhava do braseiro instalado em pleno passeio: e era por isso, para que se humedecesse o nosso céu da boca, que Vilela, banhado em suor, assava com as carnes, à vista de todos.

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