Fui nesta teimosia até casa, já se fé de ser tudo uma ilusão e acordasse ainda meio grogue dum sonho ébrio qualquer. Por via das dúvidas... Belisquei-me. O meu cérebro processava e testava a informação apreendida com contra-provas e tubos de análise. Tomara nota! As Virgens são mais desconfiadas que as putas. Analisam, descriminam e depuram na tentativa de estabelecer meticulosamente a verdade das coisas. Até irritava, caramba! Mas fôssemos honestos: como podia crer que planetas girando a milhões de quilómetros de distância da Terra, pudessem influenciar o nosso temperamento, decisões e encruzilhadas de vida? Estereótipos à parte, julgava ser uma questão de senso comum aceitar o pensamento científico moderno. Agora levava com a Vénus em cima dum par de Gémeos e nem sabia a quantas andava. Travei a fundo e foi no limite da passadeira.
Infatigável, a minha mente carburava, a todo o vapor, sem destino e sem parar, como um comboio desgovernado. Tal como o horóscopo me afiançava, era daquele género de fulano frustrado que mói e mastiga os problemas, uma vez e outra, sem parar jamais, sem parar nunca, sem fim definido. Já não estava com comichão, mas em plena urticária! Para piorar a situação faltava-me a pomada o que - no meio da rabugice geral - até me fez sorrir porque as Virgens – e revia em mim certos traços – tendem a ser umas loucas hipocondríacas mas, ao contrário porém, da prescrição astral, não tinha sequer uma aspirina para a dor de cabeça que me assaltava os cornos postos, quanto mais uma farmácia ambulante dentro de casa! “Boa noite” – sussurrei aos meus botões e fui-me deitarempate técnico entre mim e a Astrologia.
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