6/14/2010

história da Astrologia 4

A astrologia começa apenas a declinar a partir de meados do século XVII, quando novas descobertas científicas desenvolvem as concepções materialistas e racionalistas. O filósofo Descarte prefigurou no seu Discurso do Método o desaparecimento das ciências tradicionais, qualificadas de “superstições”; o estadista Colbert – famoso ministro francês – criou a Academia das Ciências erradicando a astrologia das Universidades; nas bibliotecas os volumes consagrados à arte astrológica vão sendo progressivamente retirados.

Se é certo que a Contra-reforma católica endureceu a posição da Igreja de Roma contra a astrologia e que, do lado protestante, Calvino, por exemplo, não hesitou em queimar vários astrólogos em Genebra, foi indubitavelmente o avanço do chamado espírito do século das luzes (o séc. XVIII) que quase apagou a simbologia dos céus. Houve excepções, como a do astrónomo inglês Flamstead, fundador do observatório de Greenwich, e que levantou minuciosamente o horóscopo do momento mais favorável para a sua edificação. Porém, as elites intelectuais políticas e sociais da Europa passaram a encarar a astrologia com o maior cepticismo e desdém.

Esta situação manteve-se durante muito tempo. À excepção de certos círculos ocultistas, e algumas sociedades secretas, a Astrologia esteve fora de moda nos séc. XVIII e XIX que foram os séculos, por excelência, do triunfo da razão materialista e da ciência positivista.

Porém, o século XX veio trazer um novo fôlego a esta arte milenar por três importantes motivos:

Primeiro, porque foi um século de guerras, revoluções, catástrofes das mais variadas que abalaram a confiança e o optimismo dos homens duma evolução futura linear assegurada pelo contínuo avanço da ciência. Quem não se lembra – ainda – da utopia científica que prometia assegurar aos homens um futuro de bem-estar e lazer pela substituição progressiva do trabalho humano pelo labor das máquinas? Numa época em que nos é pedido que trabalhemos mais depressa e por mais tempo, todas essas promessas parecem um sonho longínquo. A incerteza nos tempos vindouros sempre traz consigo o renascimento do sentimento místico e religioso nos homens que tentam antecipar o futuro através da crença.

Depois porque o retrocesso, o recuo, das religiões tradicionais – pelo menos no mundo ocidental – abriram espaço para novas formas de espiritualidade.

Finalmente, porque um senhor francês que dava pelo nome artístico de “fakir birman” teve, poucos anos antes da IIª Guerra Mundial, a ideia genial de publicar os seus horóscopos quotidianos, preparados para os nativos de cada um dos signos do Zodíaco (para Carneiro, Touro, Gémeos, etc.) num jornal parisiense de grande tiragem. O sucesso foi estrondoso e, dentro em breve, o mesmo método era aplicado por inúmeros seguidores na imprensa escrita de todo o mundo. Uma espécie, portanto, de Sodoku avant la lettre. E desta forma, apesar do crescente sucesso de revistas e livros especializados, cursos e escolas especialmente vocacionados ao estudo da arte astrológica, foi assim que esta saltou dos pequenos círculos a que estava circunscrita no início do séc. XX para ganhar um cunho e uma popularidade de massas… uma vez mais!

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