6/05/2010

História da Astrologia


O sistema astrológico "Ocidental" é aquele que emergiu dos antigos caldeus – povo que habitou aquilo que hoje chamamos de Iraque e no qual, quando Washington ou Londres eram apenas mato, construíam-se já edifícios que serviam os propósitos de culto religioso e de observação astronómica.


Esta arte astrológica que nos chegou através dos gregos e romanos forjou duas inegáveis vantagens sobre outros sistemas de interpretação e adivinhação:


a) Antes de mais nada baseava-se no movimento (que hoje sabemos aparente) do Sol. Ao invés de, como noutras partes do mundo, se fundar nos ciclos lunares – sem menosprezo para a importância astronómica, mas sobretudo astrológica da Lua -, escolheu, ao invés, a estrela solar como centro do seu sistema conceptual. E não é o Sol o centro do… sistema solar?


b) Depois, sobretudo com a depuração da antiguidade grega, conseguiu estabelecer uma fronteira clara com a “magia” ou outras técnicas divinatórias. É verdade que, bastante amiúde ao longo da história, astrólogos e magos eram uma e a mesma pessoa, mas ao contrário do acto mágico” que pressupunha a possibilidade agir sobre as forças ocultas do universo, alterando o futuro; a astrologia propunha o conhecimento de um futuro não alterável, um porvir à priori determinado pela posição dos astros.


Seja como for, independentemente do sistema astrológico adoptado (chinês, maia, indiano ou ocidental), é notável verificar que a astrologia foi, ao longo dos séculos, capaz de coexistir com as mais diferentes crenças religiosas e – até – de seduzir os mais recalcitrantes ateus.


Porque se é verdade que a astrologia começou por ser uma manifestação religiosa, acabou por se transformar – sobretudo – numa arte, assente no postulado filosófico segundo o qual existe uma completa solidariedade entre todas as partes do Universo, havendo constante interacção entre a Terra e os Céus, entre o particular e o universal.


Surgida cerca de 4000 anos antes de Cristo, a astrologia era na Mesopotâmia conhecimento privilegiado de uma casta sacerdotal que a pôs ao serviço dos soberanos e da aristocracia. No cimo de torres de sete andares – em analogia com os 7 Planetas visíveis a olho nu - e chamadas de Ziggourat, observavam com precisão o movimento dos astros nos céus. E não se pode negar que tenham alcançado grande mestria nos seus cálculos matemáticos pois foram capazes de prever eclipses solares e lunares. De resto, as divisões comuns do calendário ocidental como os meses, dias, semanas e horas foram então elaborados.


O papel central estava reservado ao sol, personalizado num Deus; mas os demais planetas eram também divinizados, pois se as estrelas eram fixas, algumas entre elas, pareciam-se deslocar-se. E que outra coisa poderiam ser os astros que aportavam a luz dos céus a terra, senão como símbolos ou mesmo a materialização dos Deuses aos olhos dos nossos remotos antepassados?


As figuras que os homens, então, viam nas constelações – sobretudo nas constelações do Zodíaco - , surgiam como símbolos espelhando as suas convicções religiosas. Essa mitologia não era associada aos céus de forma arbitrária, mas já como resultado da observação que a passagem do Sol, da Lua e dos Planetas produzia na Terra e nos homens.


Nesse tempo, existia uma astrologia praticamente consagrada à predição dos acontecimentos colectivos como o demonstram, por exemplo, as descobertas arqueológicas da cidade mesopotâmica de Ninive e donde cito a seguinte tabuinha de argila:


“Mercúrio é visível. Quando Mercúrio é visível no mês de Kislou, há ladrões no país. Se uma auréola rodeia a Lua e Júpiter se encontra no seu interior, o rei da Acádia será cercado – e os animais perecerão nos campos”.

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