6/06/2010

História da Astrologia 2

Na Grécia, a astrologia como tantas outras manifestações do espírito humano foi profundamente revolucionada. A astrologia – que era uma religião oriental – trazida para a Grécia, nação de filósofos e pensadores, tomou ali o aspecto de uma ciência. Assimilando com grande facilidade as suas próprias divindades aos deuses planetários dos povos da Mesopotâmia, iriam desenvolver consideravelmente a precisão dos cálculos, retirando da astronomia princípios, medidas, especulações aritméticas e geométricas, partindo já não da superstição religiosa, mas de um pensamento “racionalizante”.

No seu conjunto, pode-se dizer que os princípios astrológicos dos gregos já se revelavam semelhantes aos da astrologia tal como a conhecemos nos nossos dias; desde a influência dos signos do Zodíaco, à teoria das Casas, sobre os Aspectos “bons” ou “maus”, ou mesmo sobre as técnicas (trânsitos, direcções) que permitem a predição do futuro baseadas no tema nata - Mapa Astral - individual e que ainda hoje - sublinho – se utilizam.

Precisamente, não abdicando de tentar previsões colectivas, à escala geral, os astrólogos gregos esforçaram-se por estudar o papel dos astros no comportamento e destino dos homens – não somente sobre os reis – através dos horóscopos individuais. De alguma forma, pode-se dizer que foi como se a concepção cidadã do homem também se alargasse ao campo da astrologia, laicizando-a.

Após a conquista romana, a astrologia grega, espalha-se por toda a bacia do Mediterrâneo e pela Europa Ocidental adoptando, é certo, o panteão latino para crismar os Planetas (Mercúrio, Marte, etc.). É interessante notar que o maior astrólogo do Império Romano foi um grego que viveu em Alexandria e que dava pelo nome de Ptlomeu – isso mesmo, o astrónomo, matemático e geógrafo cujo pensamento dominou a Europa por mais de 1000 anos.

Atrever-me-ia a afirmar que nunca como então a astrologia foi tão popular e prestigiada. Prova disso foi o grande papel político que desempenhou desde os últimos dias da República até ao advento do cristianismo no fim do império. Júlio César, não obstante algum cepticismo, não se coibia de efectuar consultas de predição relacionadas com o seu futuro. Octávio, seu sobrinho e filho adoptivo, apoia-se nas estrelas para assegurar a sua legitimação, Sétimo Severo – imperador – mandou esculpir nos muros e paredes do seu palácio o seu Mapa Astral – mas cada um com o seu Ascendente diferente, a fim de que ninguém pudesse usar essa informação contra ele…

Os astrólogos exerceram grande influência sobre as grandes personagens, tornando-se numa espécie de conselheiros políticos. Mas foi a astrologia um fenómeno que atravessou todas as camadas sociais, desde feiras e mercados até ao cenário da corte, sendo utilizada como ferramenta para avaliação dos possíveis herdeiros do trono, para apuramento do melhor momento para iniciar a construção de um edifício, uma campanha militar, para casar, ou simplesmente deitar sementes à terra.

Este reinado absoluto terminou com o triunfo do cristianismo.

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