Perdido nesses pensamentos, procurando o Norte dum plano blindado, dei por mim tombado num problema mais sério por resolver: esgotado o whiskey, as garrafas vazias ordenavam-me o dever do trabalho. E tendo que aturar o chato do chefe, as burocracias do costume e a indigência dos propósitos do meu labor, supus e suspirei para que facilmente deixasse a tragédia das minhas desventuras sentimentais para trás das costas.
Mas qual quê! O pensamento movia-se em círculos e se já ajustara mentalmente uma série de contas com o passado nos dias anteriores, havia contudo uma equação, cuja incógnita continuava por apurar: "Vénus em Gémeos"... De manhã, tentei distrair-me com as tarefas acumuladas pelos dias de absentismo, mas depois… oh, depois do almoço, meia garrafa de tinto e um balão de conhaque!
Não havendo mais que fazer, sobretudo nada de importante, fui buscar um livro à estante para me dar o sono e conseguir dormir a sesta. Durante anos servira-me da minha profissão para ler alguns romances e bastantes jornais desportivos, mas naquele dia, sob efeito da separação, do álcool também, não procurei - como era meu timbre - saber das últimas sobre o Benfica. Não! Segui em frente e não me detive no expositor de jornais: tinha uma cota na mão e um fito em mente: "Vénus em Gémeos".
Passara, invariavelmente, ao lado do assunto e poderia ser de outro modo? Tinha ainda dois dedos de testa, já suspeitando que lá pudesse ter mais qualquer coisa... mas perder o meu tempo com "astrologia"? Foi só por descargo de consciência que abri o meu primeiro manual e assim me propus perceber a piada de mau gosto na despedida da Inês: "Vénus em Gémeos"...
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