Por fortuna, o meu pai também nascera em Setembro e tinha tudo muito bem guardado. Conservava não apenas as contas da água, luz e gás, impostos, facturas, garantias e outros recibos dos últimos 30 anos em pastas primorosamente catalogadas, como arquivara também algures o meu boletim de nascimento. Foi à procurara dele e encontrou-o, o que era de facto extraordinário! Comprovadamente, já não se faziam Virgens como antigamente. E... Fiat Lux: 20 Horas - assinalava pontualmente o registo.
E com os dados na mão, puderam logo os olhos ler a Carta dos Céus! Mas se a minha alma convidava-me a conhecê-la, incorri à partida nuns problemas de tradução... É que os meus olhos liam o Caos! Na melhor das hipóteses, uma grande confusão. Tal como astronomicamente o Sol era o centro do nosso sistema planetário, também na astrologia, este representava o âmago do indivíduo, o centro de si, o Self consciente, o Eu criativo: era uma Virgem porque ao nascer em Setembro, o Sol era observável no espaço do Céu correspondente ao signo da espiga – e lá estava o símbolo no Mapa. Porém, tal como nos céus, igualmente os grandes corpos celestes do sistema solar estavam aí representados, correspondendo cada um dos planetas a uma faceta, parcela ou dimensão da personalidade.
À Lua equivalia o sentimento, o modo de sentir, Mercúrio traduzia a capacidade de comunicação e o tipo de pensamento, Vénus velava pelo amor, Marte pautava a forma de agir, Júpiter – pai dos deuses -simbolizava as aspirações, Saturno limitava, colocando barreiras e desafios pela vida. Ao Longe, Urano simbolizando a originalidade, Neptuno iluminando o sonho e Plutão regendo o desejo, influenciam de modo mais subtil, mas não menos profundo.
Parecia pouco? Era todo um Universo de metáforas e, para complicar a sua decifração, os meus planetas caiam em vários signos e “casas”. Se os signos representavam o tipo de energia e os planetas os canais de fluxo, as “casas” simbolizavam as dimensões práticas da vida em que essas energias se expressariam. Eram 12 signos, 10 planetas, 12 casas e um grande quebra-cabeças aquela divisão do círculo.
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